sábado, 23 de julho de 2011

Noite Fria

Estavam lá. Deitados um do lado do outro em uma cama velha e baixa. Era uma cena única. Podia se ver o brilho nos olhos dele. Segurava a mão dela com força. Ela já estava dormindo, enquanto ele a observava. Durante um bom tempo ele fez isso. Tudo para conseguir tê-la de volta. Eram ex-namorados e haviam brigado. Ficaram um bom tempo sem se falarem. Ele a seguia todos os dias até o trabalho para ver o que ela fazia e se ela tinha outro alguém. Sim, ele era ciumento e possessivo, mas era impossível não ser com uma beleza tão frágil e pura como a dela.

Ele se levantou, pegou um cobertor marrom e o colocou sobre seu corpo nu. Ela estava gelada. Tinha a pele branca como a cortina que balançava ao vento. Decidiu fechar a janela e observar a movimentação na rua. Já era bem tarde e a única luz que entrava no apartamento pequeno de cinquenta metros quadrados era do poste que ficava do outro lado da rua. Morava no primeiro andar, mesmo não gostando de ver as pessoas tão perto. A única companhia que ele tinha por perto era a dela. Seu nome não interessava. Ele era como qualquer outro apaixonado.          

Ao fundo da paisagem tinha um holofote que estava direcionado para o céu. Iluminava as nuvens pretas. Mais pretas até do que o cabelo dela. Uma chuva estava por vir. E das feias. Acabou lembrando que iria receber visitas em breve. Tinha que arrumar a casa. Começou pegando as roupas do chão e colocando no cesto de palha de milho mofado. Ajeitou as almofadas no sofá e começou a varrer o quarto e sala. A cozinha já estava limpa. Não comia há um bom tempo e estava morrendo de fome. Decidiu fazer um sanduíche, como de costume. Adorava comer besteira o tempo todo. E tinha se acostumado a comer lanches enquanto a esperava sair do trabalho. Durante esse tempo de sobra, ele pensava. Arquitetava tudo em sua mente. Sabia como reconquistá-la e também sabia que daria tudo certo. O único problema era chamá-la novamente para ir ao seu encontro. Inventou uma história de que tinha ficado com umas coisas dela, o que realmente era verdade. Havia guardado fotos, bilhetes e um urso de pelúcia que ficava sentado na poltrona quadriculada ao fundo.           

Quando abriu a geladeira, ouviu um barulho na rua. Seriam os convidados? Mas ela ainda dormia! Decidiu acordá-la. Mas percebeu que os convidados já estavam batendo a porta. Viu uma mancha no chão e decidiu limpá-la antes de atendê-los. Era obcecado por limpeza e não levaria um minuto para ajeitar tudo. Pegou um pano na lavanderia e saiu correndo para limpar a mancha do assoalho. Enquanto isso seus amigos gritavam a porta e diziam que iriam entrar. Os poucos amigos que tinha não eram muito sociáveis. O pano absorveu o vermelho que já penetrava nas fendas da madeira. Já era tarde. A cama inteira já estava suja e o lençol já escorria. Desistiu de limpar e foi atender a porta. Nem precisou. A polícia já havia arrombado. Ela ainda dormia.                                 

5 comentários:

  1. OMG OMG OMG! Esse é um dos seus melhores textos, se não for o melhor!
    Muito bom meeesmo :) Parabéns!

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  2. Adoro quando prendem minha atenção ;D
    Mto bom Eric!

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  3. Cara você manda muito bem! Sempre surpreendendo. Parabens mesmo! Como disse a Rá, um dos melhores!!!!

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  4. daora daora meeeeeeeexmo

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Diga, eu anoto! ;D