sábado, 30 de julho de 2011

Não mais fratricídio

Matar um gato é bem mais difícil do que matar uma pessoa. Eu só me dei conta disso quando tive que fazê-lo. Sempre fui assim, corajosa e assassina. O que podia fazer se alguém dentro de mim balbuciava palavras de repressão? Tinha que mostrar para ele que eu era mais forte que todos. Aceitava qualquer desafio. Já matei mais do que nasci. À noite é difícil segurar esse instinto. Atacava apenas por prazer, mas acabou virando um trabalho. Eu tinha que matar porque senão alguém que eu conhecia iria morrer. Eu tinha certeza disso.

Estava sobre meus próprios pés ao lado daquela árvore. Ela me conhecia bem. Aquele era meu ponto. Um lugar calmo, mas com movimento. Hoje ele havia sussurrado para mim que eu deveria matar outro gato. Não queria mais fazer aquela atrocidade, mas ele me ameaçou e afirmou que se não cumprisse, minha irmã seria decapitada E eu não queria que aquilo acontecesse de novo.

Comecei a preparar tudo. Peguei a linha de pesca e o anzol. Pendurei na árvore. Peguei a faca e me escondi. Estava passando a vítima perfeita. Uma senhora de uns 65 anos. Quando ela estava no local certo, eu peguei o anzol e prendi em sua boca com apenas um golpe. Cortei sua língua para que ficasse quieta. Puxei a linha ao máximo. Ela não podia me ver. Estava com a cabeça inclinada para trás. Fui até a minha mochila e peguei o gato. Era necessário. Cortei a calda e a cabeça dele com muita rapidez. Já estava acostumada. Peguei o rabo e a fiz engoli-lo. Os olhos pretos dela começaram a lacrimejar e eu me irritei. Ela tentou pronunciar algo, mas fiz ouvidos de mercador. Cortei-lhe a orelha esquerda e comecei a rir. Aquilo era muito prazeroso para mim. Essa era a verdade. Ninguém balbuciava ou sussurrava nada ao meu ouvido. Era a minha própria consciência que implorava por sangue.

Um trovão cruzou o céu e eu tive que me apressar. Cortei o pescoço da senhora e comecei a beber todo o sangue. Cada gota era como um elixir de êxtase. Aquilo me animou. Cortei dedo a dedo. Primeiro os da mão, e depois o do pé. Cortei-lhe a barriga e mordisquei-lhe o intestino que teimava em fugir. Ela já não se mexia e eu tinha que me mexer. Guardei minhas parafernálias, amarrei a linha no pára-choque do carro e acelerei. O anzol rasgou a bochecha dela e o sol rasgava o luto de mais uma noite chuvosa. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Curtains Drawn

O tiro atravessou a cabeça e ele caiu. Estava frio demais para consertar tudo. Eles namoravam há cinco anos e nunca haviam brigado. Conheceram-se na fila da padaria e foi aquele bendito olhar 43. Ela era magra, ele era bravo. Ela era engraçada, ele era alto. Moravam juntos num flat em São Paulo. A vista que eles tinham não era a das melhores. A janela da sala ficava voltada para um prédio comercial. Trabalhavam juntos no hospital, estudaram juntos na faculdade. Até moraram na mesma rua sem que nunca tivessem se falado quando criança. 

Ela era médica infectologista. Ele era pediatra. Os turnos dos plantões nunca se encaixavam e fazia meses que não saiam juntos para jantar. As refeições, quando não eram feitas na lanchonete do hospital, eram macarrões instantâneos sem tempero. Assim como as compras do supermercado, as contas de casa eram divididas pela metade. Cada um comprava o que comia. Cada um pagava o que consumia. Cada um viva o que queria.

No começo do namoro tudo era uma maravilha. Flores e chocolates todo dia. Depois o trabalho foi consumindo o tempo dos dois. Nunca haviam brigado porque não tinham tempo. A vida era corrida e tudo vivia sendo atropelado pela pressa dos dois. Como disse o Chris Martin, ‘ninguém disse que seria fácil’. Mas os dois combinavam bastante. Para os espectadores da relação, tudo estava às mil maravilhas. Os cabelos ruivos dela combinavam com os dedos dele. O sorriso emburrado dele combinava com as orelhas pequenas dela. A calça dela combinava com o brinco dele. Apenas aparências.

Aparências são como um tiro que atravessa nossa cabeça e quando elas se vão, nós caímos na realidade. Caímos e nos machucamos. Uma dor que vem de dentro. Aquela dor que bate ardendo. A culpa não é de ninguém, apenas sua. Ela jogou a arma no chão e saiu correndo. Saiu chorando. Saiu mancando. A cortina caiu.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Concreto

Leiam escutando essa música!! ^^



Não sentia meu corpo. Estava caído ao chão e consciente. Passei por aquela rua indo para casa e tropecei na raiz da árvore onde, agora, estava encostado. Tentava mover minhas pernas e não conseguia. Fiquei desesperado e não sabia o que fazer. As pessoas passavam por mim e não ajudavam. Todas corriam apressadas e não podiam parar um segundo sequer. Um jovem distraído, alto e magro, que passava pelo local ouvindo música, não me viu. Acabou chutando minha perna, o que me deixou mais aliviado. Eu senti o chute, mas não podia me mexer. O moço pediu desculpas e eu não conseguia fitar meus olhos em seu rosto. Minhas pálpebras pesavam demais e meu olho se fechou. Nessa hora me senti flutuando. Tentava respirar, mas os músculos do meu corpo estavam todos paralisados. A única coisa que sentia era o vento que batia no meu rosto. As pessoas que passavam na rua riam e eu podia ouvi-las, mas não conseguia pronunciar algo audível.

Tentei manter a calma e me concentrar. Eu tinha que me levantar e ir para casa. Minha mulher estava à minha espera. Ela não gostava de imprevistos e eu nunca me atrasava na volta do trabalho. Sempre tive uma saúde muito boa e por isso trabalhava como peão em uma empresa metalúrgica duas ruas acima da minha. Comecei a pensar no jantar que minha esposa devia ter preparado. Fiquei com água na boca literalmente e uma gota de saliva escorreu pelo meu rosto e caiu sobre o macacão verde. Era meu uniforme de trabalho. Vivia um pouco sujo, mas mesmo assim tinha orgulho de vesti-lo.

Não sabia mais que horas eram. Meu pulso estava caído e meus olhos ainda fechados. Talvez já tivesse escurecido. Não ouvia mais os passos das pessoas nas ruas. Será que minha mulher estava aflita em casa? Ou será que ela me procurava nas ruas? Talvez até a polícia já estivesse atrás de mim. O vento soprava mais forte e gelado e comecei a sentir um formigamento nos braços. Fiquei muito nervoso e não aguentava mais esperar. Comecei a suar frio. Minha testa estava toda molhada e não parava de coçar. Tentava mexer minhas mãos para alcançar minha cabeça, mas não conseguia. Nem meu pescoço se firmava em pé. Estava pesando demais. Eram tantos pensamentos que me ocorriam que eu não sabia mais o que fazer. Estava exausto de tentar e não tinha movido nem um dedo. Pensei que se ninguém me ajudasse eu ficaria ali para sempre, como uma estátua de concreto. Era isso. Tinha me lembrado. Eu não era ninguém e aquilo tudo não passava de um delírio meu. Eu era apenas uma calçada de concreto sonhadora e sozinha. Imóvel. 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estranha Perfeição

Tudo era milimetricamente calculado. Nada podia escapar da perfeição. Ela procurava dia e noite algo para melhorar. A casa sempre estava arrumada. Seu armário era chumbado na parede. Ao abrir o que se via eram as camisetas dobradas sem nenhum amassado, duas prateleiras onde ficavam as calças, todas jeans, e uma arara com os vestidos separados por cor. Os sobretudos, todos pretos, ficavam bem embaixo, perto dos sapatos. Eram muitos calçados. A maioria eram sapatos de salto, mas também tinha uma dúzia de tênis.

Morava em um sobrado impecável. Pintado anualmente por ela. Não havia uma luz queimada e também não havia nada fora do lugar. A sala era dividida entre jantar e estar. Ela nunca sentava no sofá para não bagunçar. Também não comia em casa, pois preferia comer fora e não ter que lavar a louça. Atrás do sofá seguia um corredor com paredes cor creme. Era bem largo e arejado. Não gostava de nada escuro e deixava as persianas sempre abertas. O corredor levava até um escritório e um banheiro ao final. Assim como na casa toda, era totalmente arrumado. Cheio de toalhas reservas brancas e felpudas embaixo da pia. O Box não tinha uma gota sequer, afinal ela nunca usava aquele banheiro. Ele era para as visitas que ela nunca chamava. Não gostava de contato social com pessoas que não fossem metódicas.

Ao subir as escadas que ficavam do lado esquerdo da mesa branca de jantar, encontrava um hall com um vaso grande de porcelana. Dentro dele tinha apenas um copo de leite. Ela gostava de flores, mas elas fediam e morriam. Aquela não precisava de tantos cuidados e, por isso, estava lá. Ao lado do vaso tinham duas portas. Uma branca e outra de madeira fosca. A branca levava ao quarto da moça. O quarto não tinha muita mobília. Tinha uma cama de viúva, o armário chumbado, um baú nos pés e um tapete que ficava em frente ao espelho no canto. A outra porta estava trancada, mas debaixo dela saía um feixe de luz que parecia vermelho.

Era hora do almoço e ela tinha que fazer seus rituais antes de sair de casa. Ela fechava todas as portas primeiro, depois ia conferir se ela realmente tinha fechado todas e por último abria todas de novo, sempre na mesma ordem. A única porta que se mantinha imóvel era a de madeira fosca. Saiu, olhou para a rua, olhou para a caixa do correio, olhou para o sol e aí sim se virou para bater três vezes na porta com cada mão e fechá-la. Já estava atrasada, mas não podia deixar de lado algo tão importante.

Foi ao restaurante do centro da cidade. Não pegou o carro, pois tinha esquecido as chaves dentro de casa, e não dava tempo de fazer o ritual de abrir a casa. Foi a pé, mesmo estando de salto alto. Chegou ao restaurante ofegante, mas logo segurou a respiração e entrou. Sentou-se na mesa de sempre, pediu o prato de sempre, fez o ritual dos palitinhos e comeu. Tinha que comer em exatos 17 minutos e 11 segundos. Sempre conseguia. Se terminasse antes, deixava um grão de arroz para comer no último segundo. Se estivesse atrasada, não mastigava. Era esbelta, pois não comia doces. Então pediu a conta e pagou apenas com moedas brilhantes.

Voltou para casa. Fez todo o ritual para entrar em casa e correu para a porta de madeira fosca. Girou a maçaneta com a ajuda de um paninho úmido e entrou. Era o único cômodo escuro. A única coisa que se podia ver era uma luminária com luz vermelha ao fundo e uma poltrona de couro ao lado. Ela se sentou e começou outro ritual. 

domingo, 24 de julho de 2011

Meu gim















D
eito-me toda noite e sonho contigo.

Na verdade, fico aos seus pés e nem levanto.
E tudo por causa desse teu encanto.
Penso se eu ainda pudesse te dar abrigo.

Minha companhia é a escuridão.
E não é que eu seja melancólico,
Mas você me deixa alcoólico
E eu bebo-te sem razão.

Será a última vez que me embriago de ti.
Afinal apenas sóbrio eu evoluí,
Mas do que adianta crescer se você não estará aqui?

Fique perto, mas nem tanto,
Pois ainda o teu encanto
Faz cantar todo o meu canto.

sábado, 23 de julho de 2011

Noite Fria

Estavam lá. Deitados um do lado do outro em uma cama velha e baixa. Era uma cena única. Podia se ver o brilho nos olhos dele. Segurava a mão dela com força. Ela já estava dormindo, enquanto ele a observava. Durante um bom tempo ele fez isso. Tudo para conseguir tê-la de volta. Eram ex-namorados e haviam brigado. Ficaram um bom tempo sem se falarem. Ele a seguia todos os dias até o trabalho para ver o que ela fazia e se ela tinha outro alguém. Sim, ele era ciumento e possessivo, mas era impossível não ser com uma beleza tão frágil e pura como a dela.

Ele se levantou, pegou um cobertor marrom e o colocou sobre seu corpo nu. Ela estava gelada. Tinha a pele branca como a cortina que balançava ao vento. Decidiu fechar a janela e observar a movimentação na rua. Já era bem tarde e a única luz que entrava no apartamento pequeno de cinquenta metros quadrados era do poste que ficava do outro lado da rua. Morava no primeiro andar, mesmo não gostando de ver as pessoas tão perto. A única companhia que ele tinha por perto era a dela. Seu nome não interessava. Ele era como qualquer outro apaixonado.          

Ao fundo da paisagem tinha um holofote que estava direcionado para o céu. Iluminava as nuvens pretas. Mais pretas até do que o cabelo dela. Uma chuva estava por vir. E das feias. Acabou lembrando que iria receber visitas em breve. Tinha que arrumar a casa. Começou pegando as roupas do chão e colocando no cesto de palha de milho mofado. Ajeitou as almofadas no sofá e começou a varrer o quarto e sala. A cozinha já estava limpa. Não comia há um bom tempo e estava morrendo de fome. Decidiu fazer um sanduíche, como de costume. Adorava comer besteira o tempo todo. E tinha se acostumado a comer lanches enquanto a esperava sair do trabalho. Durante esse tempo de sobra, ele pensava. Arquitetava tudo em sua mente. Sabia como reconquistá-la e também sabia que daria tudo certo. O único problema era chamá-la novamente para ir ao seu encontro. Inventou uma história de que tinha ficado com umas coisas dela, o que realmente era verdade. Havia guardado fotos, bilhetes e um urso de pelúcia que ficava sentado na poltrona quadriculada ao fundo.           

Quando abriu a geladeira, ouviu um barulho na rua. Seriam os convidados? Mas ela ainda dormia! Decidiu acordá-la. Mas percebeu que os convidados já estavam batendo a porta. Viu uma mancha no chão e decidiu limpá-la antes de atendê-los. Era obcecado por limpeza e não levaria um minuto para ajeitar tudo. Pegou um pano na lavanderia e saiu correndo para limpar a mancha do assoalho. Enquanto isso seus amigos gritavam a porta e diziam que iriam entrar. Os poucos amigos que tinha não eram muito sociáveis. O pano absorveu o vermelho que já penetrava nas fendas da madeira. Já era tarde. A cama inteira já estava suja e o lençol já escorria. Desistiu de limpar e foi atender a porta. Nem precisou. A polícia já havia arrombado. Ela ainda dormia.                                 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Criopatia infinita

A chaleira já estava apitando. O chá estava pronto e Bagli correu para desligar o fogo. Morava em uma oficina pequena e suja. Estava bem agasalhado, pois a madrugada estava fria. A neblina era a única coisa que se podia ver ao olhar para fora através do pequeno vitrô atrás das tábuas de madeira. Acordava cedo todos os dias para adiantar seu trabalho. Fazia caixas para os outros. Era ótimo no que fazia e tirava seu sustendo disso. As fazia com pedaços de madeira que comprava do lixão. Ganhou a lixadeira de seu pai. Ele trabalhava com isso também. Deixou de presente para Bagli antes de ir embora e levar uma caixa de presente feita pelo filho.                

As pessoas que compravam as caixas sempre vinham por obrigação. Ninguém gostava de ir até a oficina para encomendar uma. Tinham vários tamanhos e tipos. Eram bem caprichadas e, apesar do desprezo dos compradores pelo trabalho, acabavam levando. Muitas pessoas iam encomendar as caixas. E depois nunca mais apareciam. Não tinha contato com ninguém fora do trabalho. Sua vida sempre foi assim. As pessoas chegavam, passavam por ele e não voltavam mais. Nunca tinha namorado alguém. Não era feio, apenas desarrumado. Tomava banho em um chuveiro improvisado nos fundos da oficina. Sua cama era apenas um colchão. Não tinha tempo para fazer uma cama para ele. Eram muitas caixas.             

Pegou um cachecol e foi ao trabalho. Hoje aquela caixa era especial. Faria uma para ele. Nunca tinha feito uma para si mesmo. Achou que não precisava, mas estava errado. Sua oficina e sua vida estavam bagunçadas. Precisava organizar tudo antes de continuar a fazer as caixas. Aquela tinha um tamanho especial. Sob medida. Ele colocaria ao lado da caixa de sua mãe. Ele não havia conhecido ela. Apenas tinha uma foto velha e amassada. Pensava que a vida dela deveria ter sido muito difícil, por isso, não reclamava de suas condições.

Alcançou alguns pregos na maleta de ferramentas e começou a prender as tábuas pelas pontas. Não era um trabalho difícil, apenas cansativo. Seus dedos possuíam calos que marcavam a sua idade trabalhando. Não sabia quantos anos tinha, ou há quanto tempo fazia tudo aquilo. Só sabia que tinha que fazer uma para si mesmo antes que ninguém mais o procurasse e fosse até a marcenaria nova da cidade. Agora ela vivia lotada e pela primeira vez ele tinha com quem competir. O dono se chama Frederico e era de uma família rica e poderosa. Tinham muitos contatos e atendiam os clientes com muita perfeição. Os clientes também não voltavam, mas isso era porque cada pessoa necessitava apenas de uma caixa e nada mais. Bagli terminou a sua, colocou-a no chão, pegou um recado que tinha rabiscado com dificuldade, pois fazia anos que não lia e escrevia. Grudou o papel na tampa da caixa, tomou o chá com um gole e deitou naquela caixa grande. Pegou a tampa. Fechou. Dormiu. 

sábado, 16 de julho de 2011

Olhos da vingança [Parte Final]

Num pulo repentino, Jeff saiu correndo pelo hospital. Foi atropelado por algumas macas. Sentia pessoas o puxarem para ajudá-las e também ouvia gritos agonizantes. Ao ser puxado para fora do hospital pelas pessoas que queriam ser atendidas, Jeff caiu no chão e sentiu como se uma manada de elefantes o pisoteasse e esmagasse. As pessoas não o ajudavam, mesmo ele pedindo ajuda todo ensangüentado no chão com os olhos vendados. Tentando salva sua vida, Jeff arranca os esparadrapos dos seus olhos e a cena que ele vê o deixa chocado. Assustado, conseguiu se levantar e sair da frente do hospital. Com os olhos semi-abertos pode ver pessoas morrendo a seus pés, casas em ruínas, ambulâncias correndo e pelo meio dos cadáveres e das pessoas que não conseguiam se levantar. Jeff correu muito, correu para longe de toda aquele tumulto e tentou se esconder no tiroteio que podia se ouvir ao longe. Ofegante, quis parar para respirar e acabou vendo uma cena terrível, crianças corriam para todos os lados sem saber para onde ir. Assustadas com o desmoronamento da escolinha e com os cadáveres dos amiguinhos a mostra, as crianças saíram correndo no meio da multidão. Aquela cena parecia uma maratona dos jogos olímpicos só que o prêmio era muito maior, a vida. Essa fuga durou um mês. Sem ter o que comer e nem beber, Jeff tentava sair daquele inferno ileso, mas a marca daquele massacre estava em seus olhos. A guerra cessou e a vida tentou voltar ao normal. Jeff implorou tanto para conseguir ver novamente um mundo alegre e o que ele viu foi a prova concreta de que o mal estava sobre a humanidade. Olhos novos, vida nova, mas a decepção com o mundo era a mesma. Jeff implorou para esquecer aquelas cenas, mas seus olhos não obedeciam. Ele então acreditou que se voltasse a não enxergar poderia ver o mundo que queria. Jeff pegou uma faca e como um gesto de pedido de socorro, arrancou seus olhos que rolaram até chegarem ao fim da duna que estava a sua frente. Ele fugiu daquele inferno, mas o inferno não fugiu dele.

Não deixem de comentar! ;]

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Olhos da vingança [Parte 2]

O médico ficou muito feliz pelo ocorrido e decidiu operar no mesmo dia. Foram exatamente cinco horas de cirurgia. O sucesso havia ganhado e o menino poderia enxergar novamente. Uma semana angustiante na vida de Jeff foi a de depois da cirurgia. Com a venda nos olhos e sem poder retirá-la, Jeff ficou muito nervoso. Com essa experiência Jeff começou a prestar mais atenção nos barulhos e a sua audição estava ficando cada vez mais aguçada. Era o grande dia e Jeff estava ancioso para ver o médico. Não quis nem comer as torradas no café da manhã. E olha que Jeff nunca recusava as torradas do café com uma manteiga por cima. Estava nervoso igual um jogador de futebol prestes a bater um pênalti que decidiria a final do campeonato. Muita coisa passou por sua cabeça, mas apenas uma o atormentava, a de que a cirurgia tivesse dado errado. De repente seus pensamentos foram cortados por uma agitação que ele percebeu no hospital. Todos gritavam e os médicos corriam para salvar as vidas. Aos poucos foi conseguindo entender o que estava acontecendo. Ouviu uns médicos dizerem que estava acontecendo um bombardeio no meio das cidades de Beersheba e Ashdod. Ouviu também que várias pessoas estavam feridas e que muitas estavam vindo para serem atendidas no hospital onde ele estava. Desesperado, Jeff tentou chamar alguém para entender melhor o ocorrido. Uma gritaria tomou conta do hospital. Alguns médicos entraram pela porta do quarto de Jeff e colocaram uma mulher ensangüentada ao seu lado. Tentando descobrir o que realmente estava acontecendo, Jeff berrou uma pergunta que o atormentava: - O que está acontecendo? Os médicos estavam apavorados e também não sabiam lhe dizer o que realmente estava acontecendo. Quando um médico ligou a TV e todos puderam entender. Havia uma guerra civil entre Israelenses e o grupo do Hamas. Após alguns bombardeios israelitas na Faixa de Gaza, o grupo se revoltou e também bombardeou as principais cidades de Israel, incluindo Jerusalém. Havia muitos mortos no meio da rua e também policiais que estavam tentando prender os rebeldes. Ninguém sabia de onde tinha começado aquela guerra. Jeff estava muito nervoso com tudo isso e estava se sentindo sufocado com aquela gritaria e com aquela impotência que o dominava.
 
No último capítulo: O que acontecerá com Jeff? Será que ele voltará a enxergar? ;O²
[CONTINUA...]

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Olhos da vingança [Parte 1]

Abriu os olhos e não conseguiu acreditar no que via. Pessoas morrendo a seus pés, casas em ruínas, ambulâncias correndo e pelo meio dos cadáveres e das pessoas que não conseguiam se levantar. Jeff era amigo de todos naquele hospital. Estava internado lá desde que seus olhos teimosos pararam de funcionar. Era um dia igual a todos os outros em Beersheba, cidade no sul de Israel. Estava um calor insuportável e a cidade estava muito agitada. Jeff estava indo a feirinha perto do centro da cidade quando sua visão ficou turva e sentiu uma dor muito forte no fundo dos olhos. Assustado pediu ajuda as pessoas que o levaram até sua mãe. Ela, por sua vez, o levou até o hospital público de Israel. Após muita espera o médico deu o diagnóstico. Jeff estava com glaucoma e que teria que ficar internado de observação. Semanas se passaram e a dor nos olhos se agravou ainda mais. Parecia que alguém o espetava com a ponta de um prego no fundo dos seus debilitados olhos. Um mês, dois meses, seis meses e nada. Furiosa, a mãe de Jeff foi falar com o médico pressionando-o para dizer o que o menino tinha que fazer para sair daquele hospital. O médico não tinha informações concretas, mas achava que o menino precisava de um transplante de córnea. As palavras ditas pelo médico foram como flechadas no peito da pobre mãe. Muito debilitada e cansada daquele sofrimento a mãe de Jeff resolveu fugir e deixar toda aquela história trágica para trás. Após a fuga de sua mãe, Jeff piorou muito e já não enxergava todas as cores. Seus olhos estavam inchados e irritados. Os médicos não tinham o que fazer a não ser esperar um doador compatível. Após exatamente dois aniversários de Jeff comemorados dentro do hospital, a boa notícia veio. Havia um doador. Quem era não interessava o menino. A única coisa que ele queria saber era quando ele poderia voltar a enxergar tudo direitinho. 


No próximo capítulo: Jeff faz a cirurgia. Será que tudo dará certo?!? ;O
[CONTINUA...]

terça-feira, 12 de julho de 2011

Escolhas, surpresas, expectativas [...]

Uma surpresa e uma expectativa não valem a mesma coisa. Às vezes algo que você está planejando não irá dar certo e você quebrará sua cara. Mas o que é pra acontecer tem sempre o momento certo. Se surpreenda e deixe que cada momento seja diferente para você. É bom estar preparado para tudo nessa vida, mas você não precisa de um roteiro para saber o que deve fazer ou como fazer.

Tudo que alguém espera é algo inesperado. Nem que for uma palavra, um sorriso ou até uma ação. Faça o achar que deve fazer. Algo que ninguém havia planejado. E é isso que estou dizendo. A surpresa deve vim do universo, do momento.

Não pense que algo é impossível. Mas também não despreze as coisas que acontecem de bom do seu lado. Às vezes uma bicicleta pode te apresentar o amor da sua vida. Sim! Pare e pense em cada escolha que você faz diariamente. Elas trilham um caminho para seu futuro. Você não escolhe apenas a roupa do dia, o que irá comer, aonde irá. Junto dessas escolhas do cotidiano, você escolhe quem vai conhecer, o que cada pessoa irá afetar na sua vida e até por quem irá se apaixonar.

O vídeo abaixo é uma cena do filme “ O Curioso caso de Benjamin Button” e explica muito bem o que cada escolha causa em nossas vidas.




Resumindo, a vida é uma agulha que passa por cada buraquinho e vai criando uma história. Costure seu futuro sem pensar no mesmo. Acredite nos outros e se arrisque. Nada de se arrepender do que não fez. Puro clichê que faz o MAIOR sentido de todos. Afinal, a vida é feita de escolhas e acho que as minhas estão corretas.   

Quero agradecer a todos vocês que estão lendo, afinal vocês fazem parte das minhas escolhas. Escolhas que começaram no dia em que nasci. 

PS: Amor, você foi a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos anos. Tudo graças ao dia 20 de maio de 2011 e um tweet sem intenção. 

Para finalizar, como sou um palhaço, devo deixar uma frase que eu amo e que se encaixa perfeitamente aqui:
"Live or die. Make your choise." - Jigsaw

segunda-feira, 11 de julho de 2011

So-L-ua

Morena, um metro e oitenta. Morava numa casa como outra qualquer. Amarelo era sua cor preferida. Vivia pelos cantos cantando e cuidando da sua irmã mais nova. Por falar em idade, ela tinha 18 anos. Havia terminado a escola e ainda não sabia que rumo tomar. Ela tinha dois defeitos. O primeiro, ela era muito preguiçosa, mas tinha seus afazeres e não deixava acumular um sequer. O segundo defeito, ela era muito bonita. Onde quer que passasse, chamava a atenção. Ela realmente brilhava e os vizinhos a adoravam a ponto de dar presentes semanalmente. O presente que ela mais recebia eram girassóis, por causa de seu nome. Chamava-se Sol. Nome que sua mãe escolheu porque ela nasceu num dia de muito sol.
                                                
Trabalhava como assessora contábil e, assim como onde morava, sempre era alvo dos olhares atentos dos colegas de emprego. Seu último namoro havia terminado justamente por causa disso. Seu ex era muito ciumento, e com razão. Ele não suportava os olhares que ela atraia e não confiava em Sol. Por causa disso, ela ficou muito brava e acabou rompendo o namoro de três meses. Seu recorde. Não era de namorar muito. Preferia sonhar mais. Dizia que estava à espera de um príncipe, mas sua amiga Dani sempre respondia dizendo que era mais fácil esperar um milagre.
        
Assim como todos os dias, Sol acordou cedo. Junto com seu homônimo. Fez o café, acordou Isa, sua irmã, arrumou as camas e varreu a casa. Eram oito horas e Isa estava atrasada. Sol pegou sua bolsa amarela, fechou a porta de sua casa amarela, entrou em seu carro amarelo e levou Isa para a escola. Deixou a irmã e foi direto para o trabalho. Enquanto isso aproveitou o trânsito para se arrumar. Estava com um vestido amarelo em pleno dia de inverno. Enquanto as pessoas que passavam apresadas na rua estavam agasalhadas, ela estava com a janela do carro aberta e curtia a brisa que balançava seu cabelo.
                                                                          
Ao pegar a maquiagem para passar no rosto, Sol decidiu colocar uma música e tentou pegar o porta-CD sem sucesso. Agachou um pouco mais para alcançá-lo do outro lado do carro. Enquanto isso Luã atravessava a rua e acabou sendo atropelado. Assim é a vida. Sol ficou pálida, se isso é possível. Encostou o carro e foi de encontro ao moço. Ele se apresentou e disse que estava tudo bem. Tinha o cabelo cor castanho-claro e era um pouco mais alto que ela. Vestido de paletó, com uma gravata azul, sua cor favorita. Disse que tinha que chegar ao trabalho em cinco minutos. Sol deu um radiante sorriso e perguntou se Luã não queria carona. Claro que ele aceitou. Aceitou também o café na próxima segunda, o jantar na próxima sexta e o festival de inverno na próxima semana.
                                                                                                                        
A vida de Sol prosseguiu semelhante. Levantava-se às seis da manhã, arrumava a casa, levava Isa para a escola, ia trabalhar, almoçava com Dani, fazia mais e mais contas, jantava com Luã, ia pra casa com ele e encontrava Isa dormindo no sofá. Colocava-a para dormir e ia se sentar no sofá para assistir desenhos. Os dois amavam desenhos. Isso os acalmava e fazia os dois darem risadas. Além dos desenhos, tinham muita coisa em comum. Uma delas era o gosto musical. Cada dia eles apareciam com uma música nova. Sempre que escutavam uma banda desconhecida, já pensavam em apresentar ao outro. Trocavam também textos. Os dois não eram os maiores escritores, mas toda e cada palavra tinham um sentido especial aos dois. Para Luã, já era impossível não pensar em Sol todos os dias. Já ela, passava noites acordadas pensando nele. Era uma grande amizade.

Chegou o dia do festival. Os dois iam viajar junto com a Dani e seu namorado Yuri, um japonês que Dani conheceu pela Internet. Isa ia ficar com o pai e, como estava de férias, ia viajar para o interior também. Ao chegarem ao local, Sol já ficou muito feliz e deu mais um de seus sorrisos encantadores. Era uma cidadezinha muito pequena e simpática. O show seria às nove horas e eles tinham o dia inteiro para conhecer a vila. Tiraram as coisas do carro, montaram as barracas e foram dar uma volta para comprar algumas coisas. Sol passou em uma lojinha de eletrônicos e finalmente comprou o fone de ouvido que estava procurando há meses, mas nunca tinha tempo, ou ânimo, de comprar.

Voltaram para as barracas e se prepararam para o show. Ficaram conversando por muito tempo e muitas coisas já passavam na cabeça de Sol e de Luã. Chegava a hora. O show ia começar. Sol amava a banda que ia cantar e tinha apresentado ela para Luã há algum tempo. Pegaram os ingressos e foram direto para o local. Ficaram bem embaixo do palco com uma visão privilegiada. Eles cantaram, dançaram, se animaram e aproveitaram ao máximo. O que não faltou foram sorrisos. Sol ficou rouca de tanto gritar e com dor nas bochechas de tanto rir. Ela não sabia se teria outra noite tão boa, mas ela com certeza sabia que finalmente tinha encontrado o que procurava.


"Quando o Sol e a Lua se encontram, eles formam um ocaso. Eles tem um caso. Eles formam o caso."

sábado, 9 de julho de 2011

Solução

Não acendeu as luzes. Na verdade, nunca acendia. Não gostava de ver o que lhe cercava. Pode parecer um pouco de egocentrismo, mas ele realmente era introspectivo. Estava paralisado, deixando a água quente escorrer pelo seu corpo. A hora do banho, como gostava de chamar, era seu momento de reflexão. Pensava demais nas coisas que tinha feito e no que poderia fazer para consertá-las. Assistia as gotas escorrem pelo vidro do Box e deixarem marcas por onde passavam. Amava comparações. Ele também estava marcado. Ela, como ele chamava, tinha doído demais e ele já não sabia como parar. Por incrível que pareça, ele tinha um amigo. A faca. Seus pensamentos lhe martirizavam perguntando o porquê do fracasso. Tudo tinha sido planejado na mais perfeita calmaria. Ele sabia cortar uma maçã. Ela estava muito bem afiada e já havia deixado sua presença em seu corpo branco. Suas costas podiam confirmar. Tinham marcas vermelhas espalhadas na vertical. Todas simétricas e alinhadas entre si. Eram sete. Ele as contava todos os dias. Tirava as cascas com a unha. Era um mantra para ele. Não teve coragem para finalizar aquele processo. Não era muito corajoso. Tinha medo de altura. Tentou vencê-la, mas achou que seria muito agonizante a queda. Além disso, já não morava mais no décimo quinto andar. Os minutos e os pensamentos se passaram. Ela não saia da cabeça dele. Todo o martírio de sua vida era culpa dela. Ele virou para o registro e o tocou apenas com a ponta dos dedos. Estava muito gelado. Virou sentido horário. Apesar de sempre gostar de ser anti e de nunca ter horário. O silêncio tomou conta. A respiração ofegante dele era a única coisa que se podia ouvir. Seu corpo magrelo ficou parado. Pensava. Lembrou que logo sentiria frio e não queria mais a companhia de ninguém. Correu e abraçou a toalha. Novamente suas divagações o levaram ao mesmo assunto. Não gostava de ser normal. Queria ser único, exclusivo. Sua mente adorava jogos e logo ele lembrou que não seria o primeiro a fazer isso. Tinha que achar outra coisa que fosse inigualável. Pegou sua roupa e se trocou rápido. Colocou o bom e velho moletom cinza. Por um momento se sentiu confortável. Isso trouxe a solução para tudo. Um brilho em seu olhar apareceu no espelho que ainda estava embaçado. Ele sabia o que fazer. Teria que encará-la. Viveria feliz com sua Tristeza.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

No fundo do rio

A história começa num dos rios mais famosos de Londres e o enredo dessa história também é muito famoso. O ciúme. Ciúme, sentimento capaz de destruir e construir todos os outros sentimentos. O ciúme reflete na vida das pessoas assim como a lua estava refletindo no rio e cegando os olhos cheios de lágrima do pobre Carlos. A cena parecia normal. Era noite, uma neblina quebrava o silêncio, um homem sentado no cais a observar os remadores que passavam pelo rio levando mercadorias para a cidade. Até que um grito rasga o silêncio mortal daquela cena. Para vocês leitores entenderem do que estou falando tenho que voltar um dia antes desse tal acontecimento. 
Era uma segunda-feira de calor. Todos estavam com os ombros de fora andando pelas ruas da cidade. A vida seguia seu rumo, padeiros entregavam pães, leiteiros o leite, jornaleiros os jornais e entregadores entregavam o que tinha que ser entregue. Carlos morava numa rua muito estreita e íngreme. Era casado com uma linda mulher chamada Esmeralda. Os dois viviam em plena harmonia, sempre de bom humor e nunca zangados. Carlos trabalhava numa indústria de calçados as margens do rio e sempre trazia sapatos lindíssimos à esposa. Carlos estava saindo aquele dia para trabalhar quando encontrou um entregador da vila que estava lá para trazer um pacote para Esmeralda. Ele deu bom dia e saiu. O homem tinha nas mãos um pacote pequeno com um embrulho velho e encardido. Ao tocar a campainha, Esmeralda logo atendeu a porta e pegou o embrulho. Ela era muito curiosa e não se aguentava de vontade de abrir logo a embalagem. Ao entrar em casa, foi logo para a cozinha pegar uma tesoura para descobrir o que era aquela entrega inesperada. 
Ao rasgar a embalagem Esmeralda ficou pálida na mesma hora. As palavras fugiram de sua boca e seu olhar desmoronou em pânico diante daquele embrulho. Ela levantou os olhos com um ar de que estava recordando algo do qual não queria lembrar. Sem saber o que fazer Esmeralda saiu correndo pelas ruas de Londres até chegar ao porto do rio Tamisa, e sem pensar, jogou com toda a sua força o embrulho no rio, que o levou com uma rapidez inigualável. Carlos estava na hora do almoço e viu toda aquela cena. Sem entender foi perguntar a sua mulher o que estava acontecendo. Pálida como a neve e sólida como a rocha, Esmeralda virou seu rosto em direção a Carlos, que sem entender nada repetiu a pergunta. Como se estivesse sufocada Esmeralda deu um grito e agonizante que se pode ouvir do topo do Big Ben. Os colegas de trabalho de Carlos, sem entender a cena, pensaram que Carlos estava agredindo sua mulher. Todos correram para socorrer Esmeralda, mas assustada como estava apenas correu mais rápido que os trabalhadores em direção as margens do rio. Ao chegar ao precipício que separava a fábrica e o rio, Esmeralda apenas disse com sua voz rouca e humilhada: - Ainda te amo. Ao fim daquela frase, ela se jogou no rio e em poucos segundos não estava mais lá e sim nas profundezas junto com seu embrulho. 
Carlos ficou pasmo, teve um ataque de raiva e sentiu-se culpado pelo ocorrido. Por um instante, ele também quis se jogar no rio para ir atrás de sua mulher. A única coisa que ele conseguiu foi o consolo de seus colegas e uma folga até o final do dia. Voltando para casa, Carlos começou a pensar na razão de toda aquela tragédia. Pensou no prejuízo que aquele dia tinha lhe dado e apenas sabia que a culpa era toda dele. Começou a pensar também que se ele não tivesse corrido atrás dela, ela estaria viva. Pensou também que se ele não tivesse almoçado, Esmeralda faria o jantar que seria muito mais saboroso do que aquele almoço que ele havia engolido como se estivesse comendo a sola dos sapatos que produzia. Tentou dormir, mas o sono não vinha. Tentou gritar, mas a voz soluçava em prantos. Tentou se matar, mas coragem faltou. Com a cabeça a milhão, Carlos saiu em disparada ao rio como uma Maria-fumaça vai de uma estação a outra. Já era noite e a cena que ele encontrou foi a mesma do começo da história. Um remador ao longe estava remando seu barquinho e com certeza pensando em sua mulher que lhe aguardava em casa. A lua refletia na água e parecia mais um chamado para Carlos mergulhar nas profundezas daquele maldito rio. Depois de tanto pensar e repensar, Carlos levantou do banco onde estava sentado, se apoiou na beira do cais como se fosse jogar e gritou. Gritou como nunca havia gritado antes. Com o último suspiro que restou, Carlos disse: - Também ainda te amo - e se jogou nas profundezas do rio Tamisa. 
Dez anos depois, alguns pescadores estavam tirando seu sustento das águas quando encontraram um embrulho. O embrulho estava muito sujo e parecia estar se decompondo. Os pescadores ficaram curiosos e pegaram a embalagem no meio dos peixes para abri-la. Um dos homens pegou um canivete e abriu a embalagem com cuidado, pois o papel já estava grudado feito cola. Ao abrir, o marinheiro encontrou apenas areia e lama. E o que estava dentro daquele pacote havia sumido. Assim como o sol some todas as noites e a lua aparece para chamar os apaixonados para um passeio sem volta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Inception

Bem-vindo ao 'Good Burguer' a casa do hambúrguer. Posso anotar o seu pedido?
Ops, jeito errado de se começar.
Bom, cá estou eu para escrever e compartilhar o que há para ser compartilhado.
Sempre tive vontade de escrever em um blog, mas depois de uma mancada feia ano passado, acabei desistindo da ideia. Agora retorno com ela a milhão! Sim, minha inspiração voltou e  minha vontade de dar sentido as palavras também. Aviso desde já que meu blog terá um 'Ctrl+Chup' de cada blog que leio. Então, talvez aqui seja um lugar de rascunhos para as minhas réplicas de suas postagens. Prometo que estarei presente pelo menos uma vez ao dia. Tá bom! Eu sei que estarei sempre aqui. Sei também que meus textos não possuem um patamar  elevado para dar a vocês 'risos e prantos', mas espero que 'outra vez' eu 'veja alto e ouça colorido'. Bom, pensei bastante para por um 'título aqui' e acho que encontrei um ótimo nome. É apenas um sinônimo para pôr do sol, mas existe um significado nas 'entrelinhas'. Às vezes terei meus 'faniquitos de Maria', mas serão todos controlados. Então espero que a leitura de todos vocês se tornem 'Un'abitudine'. Bom, acho que falta um! Um grande abraço pro querido 'H૯v૯ятση ß®unØ'. É isso. Roubo agora uma ideia da Frequência Modular(FM), se é que vocês me entendem e mando um salve pra você que devolveu minha criatividade e felicidade. Sem você, não teria feito esse blog. Pijamas são fofos! PRONTO!

Acho que agora posso usar a frase do começo! Considerem meu blog uma lanchonete, meus textos um hambúrguer e seus comentários os pedidos.

 Termino agora com duas frases:

"Bjoksss, Fui." - Lana dos Santos

"Obrigado______Deus todos vocês" - Gênio Desconhecido
PS: faltou uma carinha ;D