segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Realidade unitária

Ao som da luz matutina, virava a esquina lentamente. Seus olhos eram canhões que atiravam por todo o campo minado de pessoas apressadas. Os cabelos negros, assim como as balas dos canhões, formavam uma melodia harmoniosa na mente dos que observavam. Os sapatos vermelhos apertados marcavam os pés delicados. As pernas brancas se contrastavam com o vestido marrom. Uma cor interessante. Diferente. Os ombros eram largos e com sardas. A boca possuía vida própria e o nariz era uma gota de bala de coco derretida. Frágil e doce. Mas ao mesmo tempo quente e perigosa. A bolsa também era vermelha e trazia ainda mais furor aos músculos involuntários alheios. As mãos bailavam próximas ao corpo. O corpo se dirigia para a rua. Os sapatos iam apertando os pés e talvez os mesmos já não aguentassem mais tanto incômodo. Um leve balanço de seus pensamentos a fez tropeçar e cair sobre o asfalto negro. Um carro ao fundo se aproximou com mais furor que o da bela menina. O medo a fez fechar os olhos e se enrugar toda. A batida agitou as partículas de ar, que se tornaram sonoras e logo se silenciaram. Os cabelos negros já escorriam dos ombros e se misturava com o piche. A cor das bochechas já não lembravam mais as bauxitas penduradas em seu pescoço. E a sua cabeça já pesava com os sonhos de mais uma noite mal dormida. Ah se ela fosse extrovertida e confiante.

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