Três metros cúbicos de sala. Uma mente que tentava esvair os maus pensamentos. E uma chave que abria o peito em prantos. O barulho do teclado acalmava os tímpanos exauridos de vida. O único tremor que o martelo sentia era o das batidas dos dedos uniformes nas teclas pretas escritas em dourado. Uma letra por tecla. Uma tecla por símbolo. Números e acentos se mixavam no emaranhado de jargões e 'sem-sentido'. Não podia fumar. Muito menos comer. O sono já havia se divorciado do pobre genitor. Só lhe restava vomitar palavras. Na verdade sílabas desconexas. Pontos sobre vírgulas e travessões anti-rábicos. Cinco segundos, ou horas, para estralar as juntas e já era hora de dizer o que tinha que escrever. Era preciso parar de rodopiar em torno da grande dúvida que alimentava o cordão circuncidado do pobre feto anencéfalo. Afinal, o que significavam todas aquelas palavras sem nenhum sentimento? Porque escrevia se era a vácuo? Nada possui nexo sem uma tinta de sentimento. Seu corpo era um quarto branco. As cores evaporaram antes mesmo de nascer. Sua apatia emergia da ausência de empatia familiar.
Saudades do seu tipo de escrita.
ResponderExcluirEsse tom de mistério e uso de simbologias pra dizer tudo e nada ao mesmo tempo.
Escreva mais. O meu interior agradece.
Que bom ver vc de volta por aqui!
ResponderExcluir"Escreva mais." O nosso interior agradece e aposto que o seu também :]