segunda-feira, 25 de junho de 2012

Penso, logo hesito.

Mais uma manhã chuvosa. Caminhando pela rua, as gotículas formigam minhas maçãs. Ao som de uma música calma e forte, vejo o sol nascer fronte aos meus olhares negros pela retícula finíssima de vidro. Meus pés congelados guiavam meu circuito. O destino era o mesmo da largada. O importante era o que viria durante. Talvez fosse outono e as folhas que se reviravam no chão fossem testemunhas da causa. Mas o vento que as inquietava mais pareciam flechas de gelo. Era inverno! Com toda a certeza. A alba que velava minha mente sussurrava que estávamos na estação das reproduções vegetais. As cores não estavam presentes naquela rua, mas talvez houvesse algum lírio ou tulipa beirando o murro pichado à bombordo. Continuava navegando na indecisão. Talvez primavera. A única presença que me assentava era a de que não estávamos no trimestre mais quente do ano. Não era verão! Com toda a certeza. O ar que circulava era rarefeito e, com tanto esforço físico-mental, me senti inquieto com os pulmões vazios e gélidos. Precisava parar e respirar. Com toda a certeza. Me recostei num dobrar de rua e fechei as pálpebras para viajar. Eram tantas dúvidas e percevejos que me picavam. Quando abri os olhos estava num penhasco vermelho sangue e o horizonte estava coberto de cinzas pretas. Sabia que a partir dali, minha vida seria um inferno. Com toda a certeza. Era melhor desistir e voltar para minha enxerga. Melhor dizendo, para meu corpo. Minha mente viajara para um mundo longínquo.

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