sábado, 19 de novembro de 2011

Wie bist du denn?

Ainda parada, a observava. Ostentando-se do chão, era o centro das atenções. Toda de preto e prata. Delicada e poderosa como se pudesse derramar qualquer lágrima que desejasse. Não as suas, as dos outros. Ao lado, a menina estava parada com fones de ouvido e olhos inchados. Talvez seus pés também estivessem inchados. Afinal, a cerimônia tinha se alongado demais. O preto era ausência do branco. Pelo menos naquele dia era. Nenhum sorriso ou exaltação. Movimentos calmos e aleatórios. Um teatro de fantoches acorrentados. As emoções se escondiam. Tinham sido enterradas junto ao homem. O fone de ouvido sussurrava uma melodia que balançava os tímpanos da pobre pequena. Aquele não era lugar para uma criança. Aquele era lugar para mortos. E sua face pálida ainda tinha resquícios de vida. Uma veia poderosa esverdeava suas maças ríspidas e claras. Não eram sardas. Era terra mesmo. Ventilava com força por entre as árvores secas e molhadas. O cheiro era de um armazém de secos e molhados. Dois passos e olhou para trás. Não devia ter se arriscado dessa forma. Viu ela novamente. Agora maior, mais poderosa. Domadora. A dominada criatura vendeu-lhe duas gotas. Apenas duas. Logo a mão cortou o cair das mesmas ao chão de folhas marrons. E a música recomeçava. Os dedos balançavam no ar como se estivessem tocando a melodia. Eram dedos habilidosos. Era uma menina. Era a música. Era a lágrima.

Era ela. Domadora.

Um comentário:

Diga, eu anoto! ;D