sábado, 1 de outubro de 2011

Nada sólido, quase líquido, tudo gasoso

Eu morri no dia em que nasci. Deixei de ser aquilo que sempre quis ser: gás. Me tornei um sólido comum, assim como os outros. As diferenças são apenas miragens da nossa mente criativa. Somos todos um bloco de massa sólido que se movimenta. Claro que fazemos muito mais coisas, mas todas as habilidades que temos e adquirimos são pra que? Infelizmente eu sei a resposta. Somos blocos e queremos permanecer blocos pura e simplesmente. Mas como tudo é mutável e nada é estático, podemos nos fundir e evaporar. Basta um pequeno gesto que pode ser feito de 'n' maneiras. Um bloco só decide se transformar quando o calor das emoções  nos esquentam e viramos líquido. Esse líquido é transparente, salgado e escorre das janelas dos  blocos. Muitas pessoas o nomeiam. Eu gosto de chamá-lo de mim mesmo. E a questão é que elas escorrem muito facilmente. E a partir daquele momento, é inevitável impedir a evaporação. Escolhi me misturar nas gotas do mar. Evaporei, mas não pude subir e voar novamente. Eu nasci no dia em que morri. Mas logo percebi. Não há paraíso ou mistura de gases, sólidos e líquidos. Há apenas vazio em concreto. Concreto vazio.

Um comentário:

Diga, eu anoto! ;D